Gaia, a deusa primordial,
geradora de todos os deuses, a deusa-terra, um dos primeiros elementos que
surgiu no despontar da criação, junto com o Ar, Mar e Céu.
Ela é a grande mãe: os deuses
celestiais foram descendentes de sua união com Uranos (o Céu), os deuses
marinhos de sua união com Pontos (o Mar), os Gigantes de sua união com Tártaros
(o submundo) e as criaturas mortais foram crescendo ou nascendo de sua matéria
terrena.
Segundo Hesíodo e sua
Teogonia, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos e foi uma
uma das primeiras habitantes do Olimpo.
Urano, o senhor do Céu, temia
que seus filhos o destronassem, de forma que prendia-os no Tártaro. Revoltada
com essa ação mesquinha e cruel do esposo, Gaia decidiu armar um dos filhos,
Cronos, com uma foice.
No momento em que Urano fora
unir-se à esposa, em um ciclo perene de criação, Cronos atacou-o e castrou-o,
separando assim o Céu e a Terra. O filho lançou às águas marinhas os testículos
do pai. Ainda assim, algumas gotas do seu sangue recaíram sobre Gaia, que
fertilizada, concebeu as divindades Erínias (as Fúrias).
Sem contar essas contribuições
na criação dos deuses, a participação de Gaia nas diversas lendas se
caracteriza, basicamente, pelas infalíveis profecias ou, então, pela enorme
capacidade de gerar filhos, de aspecto divino (Urano, Ponto), humano (Erecteu)
ou monstruoso (gigantes, Tífon).
Divindades muito antigas e
numerosas, seguramente pré-helênicas, as ninfas eram ligadas à natureza e à
terra e eram, portanto, uma extensão de Gaia.
Gaia era habitualmente
representada em obras de arte, em geral, como uma senhora de aspecto maternal e
preocupado, que emergia diretamente do solo.
Seu culto era bastante
difundido, especialmente nas épocas mais recuadas da cultura grega; acabou,
porém, suplantado pelos cultos dos deuses olímpicos. Havia altares para Gaia em
Atenas, Esparta, Olímpia, Tegéia, Delfos e muitas outras pólis.
FONTE:
SOUSA, E. História e Mito.
Brasília: Ed. UnB, 1981.
VERNANT, J.-P. O Universo, os
Deuses, os Homens. Trad. R.F. d'Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
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