A Wicca
é uma religião que repassa um conhecimento milenar e poderoso que,
infelizmente, pode ser utilizado tanto para o bem quanto para o mal
(pois quando executamos um ritual trabalharmos com energias, e energia
não tem carga – ela não é boa e nem má, ela apenas é). Partindo desse
princípio, surgiu a necessidade de estabelecer um “Código Moral das
Bruxas”, dogmas aceitos na maioria esmagadora das Tradições wiccanianas:
I. Faça o que desejar, mas sem a ninguém prejudicar.
Principal
dogma wiccaniano, esta primeira Lei nos ensina sobre ética e
responsabilidade. Na Wicca, procuramos sempre beneficiar a maior parte
do todo. Quando vamos realizar algum ritual (ou qualquer outra atividade
cotidiana) devemos sempre nos reportar e refletir sob re esta Lei,
fazendo-nos a seguinte pergunta: “Se eu fizer esse ritual, irei
prejudicar alguém?”. Sabemos que nem sempre é possível beneficiar todos
com algum ritual, principalmente os de saúde, amor e prosperidade, mas é
preferível beneficiar sempre a maior parte do todo.
II. Tudo o que fizer lhe voltarás triplicado.
A
segunda Lei é muito antiga. Alguns magos não creem que tudo o que
fizemos nos volta triplicado, mas eles creem na Lei do Retorno. Ou seja,
triplicado ou não, tudo o que fizermos nos será devolvido. Acreditamos
que tudo o que fazemos possui uma vibração, uma energia. Nós, bruxos,
cremos que a Terra possui um campo áurico de energia que a circunda,
esse campo não deixa passar nenhuma energia para fora desse campo
áurico. Quando executamos alguma ação (mágica ou não) enviamos uma
energia que percorre todos os níveis energéticos terrestres até chegar
nessa “barreia”, o campo áurico da Terra, retornando a quem a enviou.
Nesse período em que a energia é enviada e retorna ao seu emissor,
algumas bruxas creem que essa energia se triplique. Daí o termo “Lei do
Tríplice Retorno”.
III. Respeite a evolução alheia.
Nem
todos estão no mesmo nível evolutivo. A Wicca, acima de tudo, é uma
religião de amor e de respeito. E nós respeitamos a nossa própria
evolução e a evolução do outro. Sabemos que cada um tem um ritmo, e esse
ritmo deve ser respeitado. Não procuramos “seguidores”, muito menos
forçamos outras pessoas a entrarem para nossa religião justamente por
esse respeito à evolução dos outros. Sabemos que todo mundo tem um tempo
e cada um tem seu cada um. Saiba respeitar a evolução de seu próximo,
não criticando suas ações e evite tecer pré-julgamentos. Entenda que nem
sempre as pessoas agem como o esperado, já que todas estão juntas num
mesmo plano, embora com evoluções e missões diferentes.
IV. Seja humilde.
Na
Wicca o aprendizado é constante. Nunca sabemos o bastante e sempre há
algo de novo para aprender. Nós aprendemos com tudo, pois tudo é uma
manifestação da Divindade. Aprendemos com o nascer do Sol, com a Lua
Cheia, com a chuva que cai serena nos campos, com a ingenuidade de uma
criança e até com o semblante de um idoso que já é sábio o suficiente
para demonstrar muitas emoções com um simples olhar... Na Wicca a
humildade é um processo fundamental para desenvolver o respeito. Todos
somos irmãos (animais, vegetais e minerais) e somos humildes para
reconhecer isso, pois também respeitamos a evolução de todos os seres –
independente da forma que eles se encontram.
V. Jamais execute rituais que exijam algum tipo de sacrifício animal.
Por
ser uma religião muito ligada à Natureza e todas as suas manifestações,
a Wicca condena todo e qualquer tipo de sacrifício, pois encara isso
como um ato de total crueldade e totalmente desnecessário. Afinal, é
burrice ofertar uma coisa morta a uma Deusa que nutre a vida.
VII. Saber, ousar, querer e calar.
Essas
quatro palavrinhas são velhas conhecidas dos antigos magos. É
necessário ter um saber, um conhecimento, para praticar a Arte. Dentro
da Bruxaria, se faz necessário ousar de vez em quando, pois a bruxa está
sempre inovando, experimentando coisas novas, visando que esse desejo
nem sempre é suprido por antigas fórmulas, levando, assim, a bruxa a
desenvolver seus próprios feitiços e rituais. Precisamos também querer
intensamente algo para que esse algoaconteça, sem força de vontade, sem o
desejo, a bruxa sabe que nada consegue. O calar é umproblema para
bruxos modernos, visando que vivemos em uma era onde o conhecimento
nãotem limites e pode ser acessado de qualquer parte do planeta através
da Internet e livros que são lançados diariamente sobre Bruxaria.
Antigamente, em tempos mais escuros, os bruxos sentiam a necessidade de
calar, pois estavam literalmente entre a cruz e a fogueira da
intolerância (dos cristãos ou de outros bruxos). Hoje em dia já não
temos a necessidade de calarmos e podemos espalhar a Magia aos quatro
cantos...
Texto publicado originalmente no periódico A Voz da Bruxaria, ed. 01, outubro de 2008. Revisado e expandido pelo autor em janeiro de 2010.
FONTE: Bruno Matsushita